Eu estava cansada de tudo e de todos, eu não conseguia mais fingir estar bem, ou não conseguia mais deixar a minha suposta "tristeza" de lado. Eu simplesmente não conseguia mais ficar. Optei por deixar a cidade, deixar tudo e todos. Meu coração doía, o sangue nas minhas veias ardia em meu corpo, eu estava desesperada, mas eu não conseguia mais aguentar e não conseguia mais pensar em saídas, então, é... Eu optei por fugir. Decidi isso na noite de 13 de dezembro, lágrimas e mais lágrimas rolavam de meu rosto, eu chorava em silêncio, não queria acordar meus pais...
Então, comecei a fazer planos e mais planos. Quando, como e para onde. Então eu simplesmente peguei um pequeno caderno, escrevendo uma carta para meus pais, e, após várias tentativas frustradas, consegui, finalmente, fazer a tal "carta". Eu iria partir amanhã, a meia noite.
Enquanto aos meus amigos... Optei por não avisá-los. Apenas deixei uma nota em seus emails dizendo que estou bem, que está tudo bem. Mas não estava, não exatamente.
Deixei tudo pra trás, levei comigo apenas um caderno, lápis, iPod, roupas e um pouco de comida, ah, e claro... Dinheiro. Eu estava tão mal que eu mal conseguia ficar perto das pessoas que eu amo, eu não queria me afastar deles estando perto deles, eu simplesmente queria... fugir.
Eu já tinha idade o suficiente para. (17 anos) Arranjei um emprego no mercado, numa cidade ali perto. Assim, eu pagava meu aluguel e daria um jeito no resto. Eu trabalhei bastante, fiquei na minha por tempos. Não tive mais notícias de ninguém, afinal, não os dei meu endereço nem meu número de telefone. Imagino que meus pais estariam muito preocupados comigo, mas deixei as coisas bem claras na tal carta e ainda disse que eu já estava bem grandinha para.
Meus dias eram sem vida, sem sentido algum, como antes, mas dessa vez eu estava em paz, eu estava tentando descobrir o que havia de errado comigo. Vários pensamentos, nenhuma conclusão. Tudo que eu menos queria era me socializar, contatos, pessoas, a única excessão seria um papel, no qual eu colocara tudo que eu estava sentindo, tudo que estava passando pela minha cabeça... Eu tinha vontade de voltar mas eu não me sentia pronta. Eu precisava ficar só e isso me machucou bastante, eu não queria, mas, é... Eu precisava. Então, eu começava a chorar e chorar... Dias e noites, sem parar.
Até que me tornei uma alma vazia, triste e solitária. Eu me sentia tão carente, tão... nada.
Então, os dias foram se passando e foi assim, durante meses e mais meses. Um dia, surgiu alguém, eu simplesmente não quis me aproximar no começo. Eu não queria me envolver com ninguém. Mas, ele era tão curioso e misterioso e se importava comigo de uma forma tão assustadora, como se não me conhece mas me conhecesse. Eu simplesmente o deixei entrar na minha vida, simplesmente, sem perceber. Ele preencheu todo o vazio que havia em mim. Mas o que estava acontecendo comigo?! Oh não... Eu estava apaixonada por um cara que acabo de deixar entrar na minha vida e preencher o vazio/buraco que havia em meu coração. Isso, definitivamente, não era bom. Comecei a pensar no futuro, como sempre faço, não pensando no presente. O presente era: Nos divertiríamos muito. O futuro: Acabaria.
Eu simplesmente não me sentia mais pronta para nada, não me sentia mais pronta para a vida, e tendo isso em mente logo concluí que eu iria cair, cada vez mais, iria me perder e ficar cada vez mais para trás. Essa "desesperança" me matava. Então, eu comecei a me fechar para ele, e ele insistia, era muito persistente e impertinente. Parece que ele sabia que no fundo eu precisava dele. Oh, isso não era para parecer uma história de amor e não é, ao menos... eu esperava que não fosse. Passaram-se mais dois meses e adivinha? Estávamos namorando. Ele sabia praticamente sobre tudo. Ele me ajudava, dava dicas, eu me senti tão bem que me senti viva de novo, e isso é normal, ele preencheu o vazio que havia em mim. Mas bem, sad news...
Eu tinha que voltar pra casa, afinal, eu estava curada, e prometi aos meus pais (escrevi na carta) que quando estivesse tudo bem comigo eu voltaria o mais rápido possível. Então, eu comecei a pensar em maneiras de como deixá-lo. Espera, espera um pouco... "Cometendo o mesmo erro novamente?" Eu pensei. Então, passei noites em claro e ele notou meu comportamento, que estava muito estranho por sinal. Então, eu contei pra ele, decidi que voltaria para casa mas que voltaria para vê-lo e talvez construir uma vida com ele aqui. Dia 12 de dezembro eu parti. Me machucou demais, a dor era muito forte, era aquela mesma sensação de muitos meses (quase um ano) atrás. Chegando em casa, meu pai estava muito bravo comigo, mal olhava na minha cara, fiquei triste, porém, minha mãe me abraçou "o dia inteiro". Depois, as coisas ficaram bem com meu pai. Meus pais não queriam que eu voltasse para lá, mas deixaram, afinal eu já tinha 18 anos. (Sim, passei meu aniversário com ele.)
Então... Mandávamos carta um para o outro e nos falávamos por telefone, até que ele parou de me ligar, fiquei preocupada, até que ele manda uma carta dizendo que está tudo bem. Mandei uma de volta, dizendo que voltaria para lá logo. Ele falou que estava muito ansioso, mas algo estava errado nisso tudo. Enfim, quatro meses se passaram, após cartas e mais cartas até que ele parou de responder-me "direito". Fui para lá e descobri que ele estava com outra.
Daí você já sabe... Nada de final feliz. Eu fiquei muito mal, me senti perdida, porém amigos e familiares me deram apoio e suporte, e fiquei muito surpresa pois me senti muito bem...
Com o tempo eu superei e comecei a viver sozinha, mas não deixando quem me ama e quem amo de lado.
...
Just don't look back, just don't look back.
E eu repetia comigo cada vez que o passado voltava à tona.